Usar equipamento pessoal no escritório requer cuidado

Segundo pesquisa, 43% das companhias permitem compartilhamento de celular e computador

Por Tatiana Schnoor | De São Paulo

A adoção da mobilidade corporativa propicia benefícios de redução de custos e melhoria de processos internos, mas também representa riscos ainda pouco avaliados pelas empresas. Um deles está no uso misto de um aparelho. Atualmente, 43% das companhias deixam seus funcionários utilizarem um mesmo dispositivo móvel para fins pessoais e profissionais, segundo dados da pesquisa anual com mais de mil empresas da consultoria IDC sobre investimentos em soluções móveis na América Latina. O risco da prática está no roubo do aparelho e na consequente perda das informações, assim como, no acesso a senhas e à rede interna.

Em muitos casos, o custo de um cenário como esse pode ser muito alto. A integridade da informação é peça-chave, por isso, ao entrar na onda da mobilidade no meio empresarial, “a política de gerenciamento de segurança para os equipamentos torna-se fundamental”, ressalta o consultor em mercado de telecomunicações da IDC, Paulo Bruder.

O instituto alemão Fraunhofer para Tecnologia da Segurança da Informação desenvolveu um sistema que permite o compartilhamento dos equipamentos. O Bizztrust for Android separa o armazenamento de dados dentro dos celulares inteligentes. A divisão é feita em vários níveis, inclusive na rede do aparelho. Dessa forma, os dados pessoais convivem com os empresariais com segurança. A transferência entre áreas não é possível. Visualmente, o usuário identifica os dados pessoais dentro de um campo verde e os empresariais por uma luz vermelha. Os níveis de segurança são diferentes e podem ser manipulados pela empresa por meio de controle remoto.

A necessidade de gerenciamento de dispositivos surge com a adoção de estratégias e tecnologias móveis. A multiplicidade de meios de comunicação dificulta quantificar o investimento nas soluções de equipamentos e sistemas móveis mais adequados. “Não se pode partir para a mobilidade sem ter uma ideia clara do contexto da comunicação e as tendências que se apresentam”, diz a analista do Gartner, Elia San Miguel. Entre as tendências estão redes mais modernas para suportar o volume intenso de equipamentos móveis, o uso mais frequente de vídeo, redes sociais e aplicações. A consultoria prevê 60% das organizações de tecnologia da informação usarão as lojas de aplicativos até 2014.

Segundo a consultoria, só no ano passado, cerca de 20 milhões de tablets foram vendidos e a previsão é que o volume cresça para 900 milhões de unidades até 2016, o que vai representar um tablet para cada oito pessoas no mundo. Os dispositivos móveis entraram não só na vida pessoal, como também estão sendo vistos como parte da estratégia de crescimento das empresas.

A companhia de revestimentos cerâmicos Portobello se posicionou dessa forma ao reduzir os custos de impressão de catálogos e desenvolver aplicativos específicos de negócios em meios móveis. O orçamento previsto para os programas de marketing digital é de R$ 2 milhões por ano. “Motivamos os funcionários da área de vendas a comprar tablets para substituir a mostra física dos catálogos. As imagens ganharam mais qualidade, agora usamos vídeos e o recurso de videoconferência “, diz o gerente de marketing Edson Moritz. Para os gerentes, a empresa comprou os iPads e arcou com o custo de R$ 50 mil. O investimento no desenvolvimento dos aplicativos foi de R$ 160 mil.

Para as empresas que oferecem produtos e serviços sem fio, o destaque da mobilidade está no retorno operacional de curto prazo, com a redução do deslocamento de funcionários e a realocação dos custos com telefonia. Uma das tendências é que seja comum, futuramente, o celular se tornar um ramal de um telefone IP. “Os processos de negócios estão em plena mudança”, destaca Mariano O”Kon, diretor de colaboração da Cisco para América Latina e Caribe. O número de dispositivos conectados em rede será superior a 15 bilhões, o dobro da população mundial em 2015, e a quantidade total de tráfego global via internet quadruplicará em quatro anos, de acordo o Cisco Visual Networking Index (2010-2015).

Boa parte da expansão do mercado de equipamentos para redes sem fio deverá ser puxada pelo Brasil, diz Joeval Martins, gerente-sênior de desenvolvimento de negócios (Copa do Mundo Fifa 2014 e Olimpíada 2016) da Motorola Solutions. Muitos projetos voltados para os eventos que acontecerão no país estão sendo desenhados com base na infraestrutura móvel. Mas a empresa também acredita no aumento da oferta de acesso à rede em locais públicos, como metrô, rodoviárias e comunidades carentes. “Eu fui à Rocinha [favela], no Rio, e fiquei espantado com a quantidade de pessoas ligadas à rede. As operadoras têm uma excelente oportunidade pela frentes com as classes C e D”, aponta Martins.

É justamente de olho nesse mercado aquecido que a segunda maior fornecedora de produtos de acesso para as redes móveis em participação de mercado nos Estados Unidos, depois da Cisco, anunciou que pretende instalar uma unidade fabril no Brasil. A Aruba Networks já tem projetos em teste para redes sem fio com tecnologia Wi-Fi gerenciadas para a Copa do Mundo e Olimpíada e pretende inaugurar no Rio o primeiro hospital público com infraestrutura de acesso wireless da América Latina. “Foram investidos mais de US$ 10 milhões nos últimos dois anos para aumentar a presença no Brasil. A expectativa é crescer mais de 30% acima da expansão do mercado”, diz Alex Freitas, diretor-geral da Aruba para a América do Sul.

Fonte: Valor Econômico

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